quinta-feira, 19 de março de 2009

Técnica em Comercialização e Mercadologia


Sex Machine, cabos de fibra ótica para telefonia, fraldas que mudam de cor informando que a criança está suja... idéias de adolescentes de um colégio público...adolescentes que poderiam ser eu em pouquíssimo tempo... idéias de pessoas que certamente estão numa muito melhor... é isso: vou fazer Mercadologia e ser uma jovem idealista de sucesso... mas teria que vencer a idéia de mais uns 30, 36 jovens idealistas na sala... minha idéia?!...uma produtora de vídeo clipes...meu produto inicial?! o clipe da música Dezesseis, da Legião Urbana... Era pra eu ganhar o MTV Music Award de 1999, pq a idéia era perfeita, e eu transformaria pedaços de SP em Brasília, de um jeito que nem os caras de Brasília perceberiam que eu ñ tinha a menor condição de viajar pra lá... Três foram as idéias finalistas: GPS, Caldo de Cana em Lata e um novo modelo de station wagon, com o porta malas maior... minha idéia ñ chegou nem perto de vencer...Um cara que assinava a Quatro Rodas, com o talento de desenhar e recortar termos e técnicas vendáveis foi quem motivou o 2ºMercadologia B a levar a idéia da montadora de veículos Gênesis do Brasil à diante... nossos pais queriam acabar com nossos professores, que alimentavam nossa criatividade...chegamos mesmo a cogitar a idéia de usar a poupança da FEITEC pra contratar algum ferro velho que pudesse montar a carcaça daquela idéia que tínhamos comprado... a última cartada seria alugar um carro de modelo semelhante ao que imaginávamos que podia ser o nosso Zeus... o idealisador, no entanto, abandonou o projeto pouquíssimo tempo depois de termos acertado de que seria o carro o nosso produto, pq havia engravidado uma colega de classe, e estava de saco cheio de discutir o nosso futuro... Daria qualquer coisa pra ter visto nascer a minha idéia dentro daquela sala, e ele estava abortando o que era o sonho da minha vida... enfim...recusei a presidência nas prévias de indicação, mas virei diretora de marketing da Gênesis...adotei um filho abortado...




O presidente da empresa estava definindo seu espaço e sua sexualidade...ñ tinha tempo para aquele projeto, e perdeu a pasta da empresa uma semana antes da feira...o vice-presidente estava muito menos interessado no que aquilo tudo representava...racional demais pra idealisar alguma coisa... dentro de uma sala de 36, 37 pessoas, a corrida era pra passar de ano, pra parecer mais bonito no dia da feira, pra conquistar paixões... tudo importava, menos o que deveria importar de fato: o projeto... Refiz a pasta da empresa com o Samoury em 48 horas, ou a sala inteira seria prejudicada....embora tivéssemos o dinheiro, ñ nos deixaram alugar o carro, pq o chão do pátio podia afundar com o peso e a circulação de centenas de pessoas pela feira... Poucos que conviviam comigo não tinham por aquela feira a vontade de que ela desse certo, como a vontade que eu sentia, embora não estivesse depositando ali o meu verdadeiro sonho, eu só queria que alguém pudesse visitar a feira e fizesse por nós o que fizeram pelos alunos dos anos anteriores: comprassem a nossa idéia...




Na sala ao lado, um dos alunos responsáveis pela poupança roubou o dinheiro da sala e foi embora do colégio... fiquei tão sensibilizada pelo fato, que abracei a causa deles de um jeito que minha sala me odiava, como se eu ñ me dedicasse o bastante pra fazer o nosso projeto dar certo, mas fato era que me dava mais prazer acompanhar a outra sala, do que acompanhar a minha, resguardando, claro, cada um o seu maior segredo...até o dia da feira, ninguém podia saber o produto e /ou o diferencial do produto do outro...eu era voluntária cega de um projeto que eu pouco conhecia, mas que me encantava.




Por incompetência de quem ficou responsável pela área financeira, perdemos o tempo de alugar um stand, e com todo o dinheiro que tínhamos, compramos em material para montá-lo: colunas de gesso, tinta e vídeos de técnicas de pintura, para dar efeitos sobre o gesso, o compensado, o tule...enfim... a costureira das saias do uniforme das meninas tb foi um fiasco... tivemos de refazer por nossa conta... alugamos a máquina de gelo seco e o nosso produto foi representado por cartazes (o mais lindo elemento comercial do nosso stand, graças ao Charles e ao Ivan) e... um carrinho de brinquedo comprado na Pagé... o comercial foi feito com uma Parati... tudo o que não devia parecer era um carro comum, mas o comercial com a Parati foi o fim da nossa moral, da nossa arrogância...dos nossos ideais... Zeus era uma piada... Nossa improvisação de stand até que foi a mais bonita daquele ano, mas a decepção das pessoas que passavam pela porta de saída, perto do que era prometido...realmente... ñ consigo nem descrever...




Saldo daquele momento:




  • Aprendi em dois anos a pintar murais, preparar paredes para pintura, marmorização no gesso, texturas, aproveitamento de materias sucateados, além de ter aprendido conceitos de responsabilidade, flexibilidade, pró-atividade, solidariedade, foco e liderança, quase aprendidos como quem soca comida para dentro da goela...


  • Se tivéssemos idealizado uma empresa para montar stand, acho que teríamos tido mais sucesso...


  • Mesmo a pasta do presidente refeita por mim e pelo Samoury...nunca mais ninguém soube dela...mas os professsores a viram a tempo de nos fazer passar de ano...


  • Ao final da feira, cada sala comemora dentro do seu stand o sucesso da mesma...Eu fui para o stand da sala ao lado... foi o meu jeito de dizer como eu estava magoada com aquele abandono proporcionado pela minha sala, diante do meu sonho... e como eu sonhei...


  • Fiquei com uma pasta com mais informações do que uma diretora de marketing precisava saber, graças ao trabalho de restauração da pasta do presidente... Aprendi sobre marketing, distribuição nacional, gestão de pessoas e processos, publicidade, estatística... e antes que me pergutem o que eu fiz com o que aprendi, eu respondo: coloquei minha pasta embaixo do braço e fui tentar conseguir emprego com ela... em montadoras, em distribuidoras, cartas para editoras, produtoras... E, embora fosse tão flagrante o meu conhecimento teórico, era inaceitável para muitos entrevistadores que eu pudesse saber de tantas coisas com 17 anos de idade, e entre o concreto e minhas aspirações... se nem meus amigos apoiavam meus sonhos, as empresas tb ñ apoiaram... e sabe, sonhos têm a textura aerada de um Suflair... e os meus foram preenchidos por concreto...realidades concretas... enfim...não deram certo...

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