
...Mas por que shows são a felicidade absoluta?
Bom, eu não seria assim tão iludida de pensar que há quem trabalhe com isso e não goste...dizem que o vocalista do Coldplay acha um saco fazer qualquer coisa fora do estúdio... o próprio Renato Russo não era muito chegado em turnês pra cantar as velhas músicas...
...Mas vocês já tiveram a oportunidade de olhar nos olhos e nas atitudes das pessoas que realmente gostam de um show?...Não só o artista...todo mundo... é surreal...
Quando estou em um show e consigo observar tudo ao meu redor, por mais louco ou ameno que seja, eu renovo minha esperança de um dia poder fazer algo de que eu realmente goste pra me sustentar... Ñ é todo dia que pessoas comuns têm R$140,00...R$200,00 pra ir à um show...eu ñ tenho... e tô perdendo vários (!)... mas consigo canalisar esse estado de espírito observando outros apaixonados pelo que fazem, e caçando alguns que suponho que sejam... Tem um DJ na Trash que simplesmente entra em transe, canta, dança...se entrega, enquanto tá discotecando... é quase tão mais legal ir lá pra vê-lo, do que pra ver um monte de marmanjo barbado cantando e dançando músicas infantis e músicas velhas... Eu tive um professor de matemática no cursinho que plantava bananeira toda vez que acertávamos um exercício na lousa, fazia piada de tudo e de todos, resolvia um cubo mágico em segundos, jogava balas Juquinha pra gente, como se fosse o próprio Silvio Santos... foi um ótimo professor, e espero que ainda seja.
Shows sentada em mesa me estressam... tudo é muito apertado, e a capacidade de as pessoas observarem o que acontece ao redor fica limitada... e os fumantes são os piores nó cegos nesses shows... minha irmã viu o primeiro acústico do Roupa Nova chorando, e ñ era de emoção... um casal filho da puta de fumantes na mesa da frente estava mais interessado em acabar com o maço do que em ver o show... tomara que já estejam entubados...
...Feira de livros têm sido uma grande incógnita... Roberto Shinyashiki foi uma grande decepção pra mim... e nos olhos do Maurício de Souza, vi um grande estrelismo (pq ele é mesmo!), mas ainda um grande orgulho por representar o que representa... em meu último trabalho, quase todos os dias em que eu conseguia ir almoçar, passava em frente à Maurício de Souza Produções, e o ritual era sempre o mesmo: olhar para o Bidú e para o segurança, fechar meus olhos e dizer "eu ainda vou trabalhar aqui'... Com certeza, o segurança me achava uma louca, ou uma perturbada leitora de "O Segredo"... Fato é que eu ainda não trabalho lá... talvez por não ter visto ainda paixão...o transe...a felicidade absoluta no Maurício de Souza e em suas ações... sei lá se escritor chega à isso, pq todo escritor é meio paradão, e talvez por isso com a música e com os shows, a sensação de que os caras que sobem no palco pra cantar são mais plenos em seu ofício me encanta mais facilmente... e não que não exista paixão no Maurício de Souza... pelo amor de Deus... a Turma da Mônica é um grande marco literário na vida de multidões, e os projetos de educação e desenvolvimento cultural são incalculávelmente a representação de um empenho que só dá pra ter qdo se tem amor pelo que se faz, mas há muito de comercial nisso tudo, e comercial me lembra venda... que me lembra do meu trabalho..que me lembra do quão infeliz me sinto numa central de atendimento comandando ou sendo parte de um processo comercial... É claro que ñ dá pra comparar R$6,90 de um gibi contra R$140,00 de um bom show... o lance é que eu já fiz em minha infância, gibis para aulas de educação artística e achei horrível... em contrapartida, já ganhei um concurso de desenho com um cartaz sobre a higiene da escola, no qual desenhei a diretora e a tia da limpeza...fui a sensação da escola durante um mês inteiro e fui presenteada com um passeio pro SESC... Assim como já toquei e cantei pra um "público" de 200 pessoas no auditório do colégio, e a diretora quase nos expulsou pelo conteúdo do nosso set list... a banda acabou, e eu não me dediquei mais ao meu instrumento musical... meu inglês está um tanto mais descente do que era...mas nunca mais cantei em público depois daquele dia...
...Sem cantar e sem desenhar, me sobra observar e viver um pouco da felicidade dos outros e imaginar o absolutismo de já ter vivido uma parte disso...
Vanessa, se você já encontrou o que te deixa em transe, em êxtase, corra atrás disso, e eu não estou te dizendo em ir trabalhar com Maurício de Souza e sim de trabalhar numa produtora, no processo de produção de shows, quem sabe como uma revisora dos press releases só para aproveitar um pouco sua quase baixaria em letras e assim vc terá acesso a shows e poderá se divertir vendo a natureza humana de cada ser em ação reagindo aos mais diversos estímulos que vem do palco.
ResponderExcluir