quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

I know not what tomorrow will bring, mas eu quero meu nome pra continuar contando a história...


...Trabalho desde meus 17 anos... tudo começou atrás de uma escola de informática, com as páginas amarelas do guia telefõnico na região de Santana, um chefe sovina, que pagaria R$ 8,00 caso conseguisse levar um ser humano para dentro da escola e as recepcionistas conseguissem entre desculpas e técnicas primitivas de vendas, convencê-los a fazer a matrícula na escola... De lá para cá, houve um momento de paz em minha vida profissional, que durou três meses incríveis...dentro do Centro Técnico Operacional de um banco, como operadora de máquina de microfilmagem...não fosse por esse trimestre, teria só lembranças punks pra contar... Hoje fui à uma entrevista em uma escola particular em Ermelino Matarazzo e voltei para casa pensando no fim do meu blog, no fim do meu orkut...possívelmente no fim de uma comunicação livre nesse espaço tecnológico, caso dê certo isso de dar aula...


Tá... quem me conhece sabe que nunca quis ser professora...eu queria mesmo era ter feito jornalismo, mas depois de 4 tentativas frustradas, sem nem aparecer numa lista de classificação, eu desisti disso, antes que se tornasse uma paranóia a mais com a qual eu teria de conviver para o resto da vida...e quem me conhece tb sabe que o curso de Letras só foi um percurso maior que ...empacou, já que não virei a jornalista que queria ser...e meu diploma está empacado mesmo, dentro do armário...enfim...


Em 2003 houve uma tentativa "chulé" da minha parte, de tentar fazer esse diploma valer a pena... fui à uma atribuição de aula, e descobri que não bastava estar formada, eu tinha que ter feito o magistério...não bastava ter estudo, mas eu tinha que ter "pontos" por tempo de aula dada em caráter de estágio - e estágio para o Estado, naquela época era trabalhar de graça MESMO... "plantar agora para colher depois"...ñ dava pra pensar como botânica...ou eu trabalhava pra pagar a faculdade, ou não fazia a faculdade... simples assim... e aí, me sobrou o Tito Prates da Fonseca, a proposta de ser eventual, competindo com 5 outras eventuais - com pontuação... era desumano...se em três meses eu consegui dar 7 aulas, acho que foi muito... ñ fui nem avisar na escola que eu desisti de ir... nem me ligaram pra falar que precisavam... escolas particulares sem Q.I. ... mais fácil acertar na lotofácil... fui escurraçada do meio, por não ter me submetido à gratuidade e ao romantismo dessa profissão... E o que eu fiz? Aceitei a porta fechada em minha cara e voltei pro telemarketing.


...Vi minha vida fazer 360º quando, depois dessa tentativa, fui parar novamente em outra escola de informática, com o telefone branco na mão, a velha lista amarela... o mesmo script... e um diploma...aí, voltei para um call center com a vantagem da conclusão do curso superior e uma boa história e... bingo! Supervisora!...Daí pra frente, exerci a profissão de professora com o romantismo de quem está na sala de aula, reensinando "aborrecentes" mal educados a falar, escrever, se portar e expressar -se com objetividade, clareza e atenção... um discurso bonito, mas uma grande utopia dentro e fora da escola. Eu remendava o que havia sido mal captado e ganhei com isso o que os professores ganham geralmente... a lembrança e estima de poucos... raros... o desprezo e a maldade de muitos... com a grata vantagem de que num call center, eu podia demitir (com um certo custo, mas conseguia), e em sala de aula, no máximo, eu conseguiria uma reunião de conselho pra tentar repetir a dose do infeliz no próximo ano ( e certamente não seria poupada de reviver o mesmo inferno... acho que foi assim que nasceu aquele lixo denominado " aprovação automática").


Bom, o objetivo do texto de hoje é desabafar que, certamente se eu me tornar uma "educadora" dentro do lugar destinado para isso terei de me desvencilhar de um ponto crucial do meu caráter: a minha contundente franqueza... que escola vai querer uma professora que escreve o que eu escrevo, que viveu o que eu vivo e que tenha isso tão facilitado na internet para os alunos, pais de alunos poderem usar seus dedos julgadores sob a instituição e sob mim? ...Fernando Pessoa qdo usava heterônimos deve ter previsto acontecimentos assim... mas, de quê servem?...somos descobertos no final... Não existe crime perfeito, e o meu é existir... ou mato minha subexistência terapêutica virtual para prover minha subexistência real, ou arco com as consequências de uma vida marginalizada para existir plenamente...


...É...não é uma história que se repete... com menos de 20 anos, Fernando Pessoa já havia saído de Lisboa, falava fluentemente inglês e escrevia tão bem quanto... sua avó lhe deixara uma herança pra que ele investisse nos seus delírios de forma concreta... com 26 anos ele já havia escrito um livro... antes dos 30 ele já fazia resenhas para o TIMES e tinha o Orpheu em Lisboa ... é óbvio que não é uma história que se repete... e que heterônimos não nos salvam de julgamentos e /ou análises futuras... Terei de tomar uma decisão... Porque eu não sei o que o amanhã trará...

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